Estratégias de preços no streaming e alianças-chave na África

Oportunidades no mercado africano de streaming

As estratégias de preços no streaming são fundamentais para alcançar sucesso no dinâmico mercado de entretenimento da África. Implementar estratégias de preços flexíveis, modelos de assinatura adaptáveis e estabelecer alianças estratégicas pode influenciar significativamente os resultados. Como as plataformas podem adaptar seus planos às necessidades locais? Qual é o papel dos setores de telecomunicações, serviços financeiros e comércio eletrônico nessa expansão? A Fabric Data analisa os fatores essenciais com base nas informações de um de seus produtos, a BB Media, para estabelecer uma presença sólida na região. 

Modelos de preços adaptáveis ao mercado africano

O ecossistema de streaming na África exige estratégias de preços que reflitam as realidades econômicas locais. Cerca de 97% dos serviços no continente oferecem planos por assinatura, enquanto apenas 4% incorporam planos com publicidade – em contraste com a tendência global, na qual plataformas como Netflix, Disney+ e Prime Video introduziram planos com anúncios para ampliar sua base de usuários. 

Por exemplo, o plano com anúncios da Netflix é aproximadamente 37% mais barato que a versão sem publicidade. Essas alternativas podem ser especialmente eficazes na África do Sul, onde os desafios econômicos são uma das principais razões pelas quais os usuários cancelam suas assinaturas. Muitos consideram os serviços caros demais ou reduzem seus gastos por razões financeiras. Oferecer acesso com menor custo, sem comprometer a qualidade do conteúdo, pode ajudar a manter ou até expandir a base de usuários. 

Na África do Sul, 75% dos usuários consomem conteúdo por meio de smartphones, o que impulsiona a popularidade dos planos móveis em toda a região. Esses planos oferecem preços mais baixos e são pensados para dispositivos com conectividade limitada. Plataformas como Netflix, Showmax e Shahid lançaram planos móveis em diversos países africanos, como Guiné, Libéria e Gâmbia. Da mesma forma, a Disney+ lançou essa opção na África do Sul, alinhando-se aos hábitos de consumo e à realidade econômica dos usuários. 

Estratégias promocionais para reduzir o churn e atrair novos usuários 

Em mercados sensíveis ao preço, as promoções são essenciais para reter e conquistar usuários. A Disney+ registrou uma taxa de cancelamento de 5% no final de 2024 na África do Sul, sendo que 34% das desistências foram atribuídas ao alto custo e 38% à situação financeira dos usuários. Em resposta, a plataforma lançou uma promoção especial que permitiu aos usuários assinarem por ZAR 49 (USD 2,64) durante quatro meses (válida de 13 a 31 de março), buscando atrair novos assinantes com uma oferta limitada e acessível. Essa estratégia também pode ajudar a reconquistar antigos usuários que cancelaram devido ao preço, considerando que o valor médio da assinatura gira em torno de USD 7. 

Ainda assim, as promoções seguem sendo pouco utilizadas na região: apenas 38% das plataformas na África oferecem incentivos como testes gratuitos ou descontos temporários. Embora essas estratégias possam estimular usuários a experimentar um serviço, não garantem necessariamente fidelização. 

A Apple TV+ é um exemplo claro. Apesar de oferecer até três meses gratuitos na compra de dispositivos Apple, um teste de sete dias, ou a inclusão do serviço no plano estudantil do Apple Music, a plataforma segue apresentando uma das maiores taxas de cancelamento do mercado (8%). Para enfrentar esse cenário, a Apple TV+ lançou uma nova promoção global em abril de 2025, voltada para países africanos onde o serviço está disponível – como a África do Sul. Lá, os usuários agora podem assinar por apenas ZAR 29,99 durante três meses (USD 1,60). O objetivo é atrair novos usuários em mercados sensíveis ao preço e reduzir o churn por meio de preços mais acessíveis. 

No entanto, a experiência mostra que, além do preço, outros fatores como variedade de conteúdo, usabilidade e uma interface intuitiva desempenham um papel crucial na retenção de usuários.  

Alianças estratégicas: uma oportunidade subaproveitada na África 

Embora muitas plataformas na África ofereçam planos móveis, apenas 7% possuem alianças com operadoras de telecomunicações – um número surpreendente considerando o crescimento global desse tipo de parceria. Em UCAN, 39% das plataformas têm esse tipo de acordo, e na América Latina o número chega a 32%, o que revela um enorme potencial. Integrar assinaturas de streaming com planos de dados móveis pode facilitar o acesso e aumentar o valor percebido pelos usuários. Na África, empresas como Orange, Vodafone e Ooredoo já estão explorando esse modelo. Por exemplo, a MTN na África do Sul oferece Disney+ com 500 MB de dados incluídos, demonstrando o potencial dessa abordagem. 

Outra estratégia promissora é o agrupamento de plataformas a preços acessíveis. Em regiões como UCAN e América Latina, já se observam fusões e pacotes conjuntos: o combo Disney+ e Max nos EUA, ou o Prime Video oferecendo acesso à Apple TV+, Max e outras plataformas por meio de uma única interface. 

Reproduzir esse modelo de fusão entre serviços de streaming pode ser uma grande oportunidade para o mercado africano. Plataformas regionais que se aliem a grandes players internacionais podem oferecer assinaturas combinadas a preços mais acessíveis, além de diversificar seus catálogos ao unir conteúdos locais relevantes a produções globais. Essa abordagem aumenta o valor percebido e permite alcançar audiências atualmente fora do mercado por limitações econômicas. 

Enfrentando os desafios de pagamento com soluções de dinheiro móvel 

A ausência de localização nas estruturas de preços – evidente no uso de tarifas padrão em dólares norte-americanos em diversos países – não apenas afeta a percepção de acessibilidade, mas também limita o acesso ao depender de métodos de pagamento internacionais, ainda pouco difundidos na região. Embora alguns serviços de streaming já tenham ajustado seus preços em países como África do Sul, Quênia e Nigéria, as tarifas continuam uniformes no restante da África Subsaariana. Plataformas como Netflix, Prime Video e Crunchyroll já adotaram preços localizados, adaptando suas ofertas para melhor refletir a realidade econômica dos diversos mercados africanos. 

Nesse contexto, adaptar não apenas os preços, mas também os métodos de pagamento às condições locais torna-se essencial. Muito além de uma tática comercial, a localização é um motor-chave para promover a inclusão digital na região. 

Para construir uma presença duradoura na África, as plataformas de streaming devem adotar uma estratégia centrada no usuário e firmar parcerias com agentes locais estratégicos. Algumas já deram passos importantes: Disney+, Netflix e Showmax oferecem planos apenas para dispositivos móveis na África do Sul e em outros países; Prime Video oferece testes gratuitos em diversos mercados; e a Apple TV+ lançou recentemente uma promoção específica.  As alianças também são fundamentais para melhorar o acesso. A colaboração entre a Netflix e a operadora Vodacom na África do Sul permite que os usuários paguem a assinatura por meio da fatura do celular – um exemplo claro de como parcerias locais podem eliminar barreiras de entrada. 

O futuro do streaming na África dependerá de três fatores: preços acessíveis, distribuição local por meio de parceiros confiáveis e opções de pagamento inclusivas, como o dinheiro móvel – amplamente utilizado na região. O sucesso não está apenas em entrar no mercado, mas em se adaptar a ele. 

Quer saber mais sobre as plataformas locais? Aceda ao Diretório de Serviços de Streaming da BB Media, filtre por África e tenha acesso a dados gratuitos sobre os principais serviços da região.

Sources 

BB Media, a Fabric Data company | Prices, Plans & Bundles | Online Media Essentials

SOBRE A BB MEDIA

A BB Media é uma empresa global de Data Science, especializada em Media e Entretenimento há mais de 37 anos. A BB Media monitora +4.500 serviços de streaming em 250 países e territórios, os seus preços, planos, pacotes e ofertas comerciais. Além disso, todos os catálogos de filmes e séries, incluindo metadados padrão. Serviços de streaming, redes, programadores, operadoras de cabo, agências, anunciantes, estúdios, distribuidores, APPs de conteúdo e empresas de tecnologia contam com as informações e análises de valor agregado da BB Media para tomar decisões estratégicas.

A BB Media e parte da Fabric.

SOBRE A FABRIC

A Fabric é líder na indústria de entretenimento em soluções de dados e operações, capacitando emissoras, estúdios, distribuidores, produtores e organizações de mídia a conectar as pessoas com o conteúdo que elas amam. A plataforma da Fabric combina o melhor da gestão de metadados e da cadeia de suprimentos com poderosas soluções de recursos e fluxos de trabalho para mídia, permitindo que os clientes gerenciem a identificação, editorial, técnica, descoberta e metadados gerados por IA com facilidade. Ao integrar tecnologia de ponta com décadas de experiência na indústria, a Fabric agiliza as operações, melhora a tomada de decisões e aumenta a eficiência em toda a cadeia de suprimentos de mídia.